LINFOCITOSE POLICLONAL PERSISTENTE DE CÉLULAS B – UM CASO CLÍNICO
Evento: X Congresso Nacional de Patologia Clínica
Poster Exposto: 06
Autor do trabalho: Mariana Fardilha
Serviço de Patologia Clínica – Hospital Nélio Mendonça – SESARAM
Co-autores do trabalho: João Freitas; Ana Filipa Viceente; Cheila Plácido; Miriam Sousa; Yaqueline Freitas; Nídia Neves; Marlene Pires; Eli- Sabete Santos; Nuno Canhoto; Graça Andrade
Palavras-chave: LINFÓCITOS ATÍPICOS, IMUNOFENOTIPAGEM
Introdução
A Linfocitose Policlonal Persistente de Células B (LPPB) é uma doença rara, descrita maioritariamente em mulheres fumadoras e cursa habitualmente com linfocitose absoluta. Em cerca de 20% dos casos, não apresenta linfocitose. A avaliação morfológica do esfregaço de sangue periférico é fulcral para o diagnóstico, uma vez que a presença de linfócitos atípicos bilobados ou binucleados é sugestivo deste distúrbio.
Caso Clínico
Mulher, 43 anos, com história de hábitos tabágicos (actualmente seguida na consulta de cessação tabágica, mas com consumo prévio de 15 cigarros por dia durante 28 anos (21 UMA)). Antecedentes pessoais de patologia benigna da mama direita, neoplasia benigna genital, gastrite, rinite alérgica e síndrome vertiginoso e é medicada habitualmente com betaserc (em SOS) e contraceptivos orais.
A doente recorre ao seu centro de saúde para consulta de rotina.
Neste contexto, são pedidas análises de rotina.
Aquando da validação do hemograma, apesar de se verificar uma fórmula leucocitária dentro dos parâmetros da normalidade, o equipamento hematológico dá alerta de linfócitos anormais/blastos e o histograma apresenta uma sobreposição das populações de linfócitos e monócitos. Resolve-se, portanto, realizar um esfregaço de sangue periférico.
Na avaliação morfológica do esfregaço, observa-se raros linfócitos atípicos com as seguintes características morfológicas: tamanho 2x o do pequeno linfócito, núcleo binucleado de cromatina condensada, com nucléolos inconspícuos e citoplasma moderadamente abundante e basófilo.
Para caracterização desta população de linfócitos realiza-se imunofenotipagem do sangue periférico, que revela: um aumento de células B (≈33%), sem monoclonalidade e sem expressão aberrante de marcadores fenotípicos, concluindo-se tratar de uma expansão policlonal de células B.
Conclusão
Durante a validação, o hemograma deve ser interpretado considerando-se também as alterações no histograma e os alarmes fornecidos pelos equipamentos, mesmo quando os valores estão dentro da normalidade.
Na presença de linfócitos atípicos, que sugiram presença de LPPB, deve sempre ser realizada imunofenotipagem, de forma a excluir doenças linfoproliferativas malignas.
Apesar da LPPB se apresentar com uma clínica estável, sendo a maioria dos doentes assintomáticos, ainda não está comprovado se é uma condição benigna ou pré-maligna. A monitorização do dente é, portanto, aconselhável.
