MIELOMA MÚLTIPLO, ACHADO LABORATORIAL?
Evento: X Congresso Nacional de Patologia Clínica
Poster Exposto: 13
Autor do trabalho: Ana Luísa Araújo
Serviço de Patologia Clínica – Centro Hospitalar do Médio Ave – Famalicão
Co-autores do trabalho: Carla Gonçalves Ferreira; Ezequiel Moreira; Helena Ferreira da Silva
Palavras-chave: mieloma múltiplo; fenomeno de rouleaux; plasmócitos periféricos
Introdução:
O mieloma múltiplo é uma patologia maligna das células plasmáticas da medula óssea e representa cerca de 1% do total de neoplasias. As células plasmáticas, ou plasmócitos, correspondem a linfócitos B diferenciados, responsáveis pela produção de imunoglobulinas. Esta doença carateriza-se pela proliferação e expansão clonal de plasmócitos anormais, dando origem à produção de uma proteína monoclonal. O diagnóstico é realizado pela presença de, pelo menos, 10% de células plasmáticas clonais na medula óssea; componente monoclonal sérico e/ou urinário e lesão orgão-alvo, sugerido pela presença de hipercalcemia, insuficiência renal, anemia e lesões ósseas (CRAB).
Caso Clínico:
Homem, 82 anos, caucasiano, com antecedentes de hipertensão arterial e dislipidemia, cognitivamente íntegro e autónomo. Recorre ao serviço de urgência por quadro de prostração, desorientação, disartria e discurso incoerente, de instalação progressiva ao longo de uma semana.
Analiticamente apresentava lesão renal e anemia normocítica e normocrómica. No gráfico de dispersão de leucócitos, foram observadas discretas alterações, levando à realização de uma extensão de sangue periférico, onde se observou acentuado empilhamento eritrocitário (fenómeno de Rouleaux) e raros plasmócitos periféricos. Assim, por iniciativa do patologista clínico, foi realizado estudo subsequente que revelou hiperproteinemia e hipercalcemia. Estes achados motivaram a realização do doseamento das imunoglobulinas (Ig), o que evidenciou um aumento de IgG e das cadeias leves lambda. No exame radiológico evidenciava-se padrão salt and pepper craniano e fratura patológica de vértebra dorsal. Perante os resultados, o doente é transferido para o centro hospitalar de referência, para continuação de cuidados e realização de exames complementares de diagnóstico, como eletroforese e imunofixação de proteínas séricas, que evidenciaram um pico monoclonal IgG lambda na região gama.
Conclusão:
O mieloma múltiplo é uma doença pouco frequente, afetando cerca de 4 a 5 pessoas, por 100.000, por ano. Apresenta uma incidência superior em indivíduos do sexo masculino e é mais frequente a partir dos 60 anos de idade. Com este caso, pretendemos demonstrar a importância da Patologia Clínica na orientação diagnóstica destes doentes, com apresentação clínica pouco sugestiva da patologia, num hospital periférico.