A PATOLOGIA CLÍNICA A Patologia Clínica é uma especialidade médica basilar e transversal a todas as especialidades e dedicada ao diagnóstico laboratorial de doenças.
Fonte: Comunicado do Hospital Fernando da Fonseca
Mais de 70% dos atos médicos são suportados por esta especialidade médica, sendo importante na prevenção, diagnóstico, prognóstico até à terapêutica e monitorização da doença. O trabalho diário consiste em dar resposta aos pedidos de exames laboratoriais dos diversos serviços e especialidades, bem como interpretar e integrar os resultados. Este trabalho é fundamental para o diagnóstico e escolha das terapêuticas adequadas ao caso específico de cada paciente. No Serviço de Patologia Clínica do Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca (HFF) além do horário de rotina o serviço funciona 24 horas por dia com uma equipa de urgência composta por três técnicos de diagnóstico e terapêutica. Os médicos trabalham em permanência 12 horas por dia, e no período noturno estão em regime de prevenção, sendo chamados sempre que necessário. Este serviço recebe em média cerca de 10.000 pedidos de análises por dia para cerca de 1000 doentes, provenientes da urgência geral, urgência obstétrica   e pediátrica, serviços de internamento, Unidades de cuidados intensivos e consultas externas.  A PATOLOGIA CLÍNICA NO DIAGNÓSTICO DA COVID-19 O Serviço de Patologia Clínica é também responsável pelos testes de diagnóstico à COVID-19. Neste primeiro ano de pandemia o HFF realizou 83 mil testes PCR no exsudado nasofaríngeo para detetar SARS-CoV-2. A taxa de positividade foi de 11.2%. Neste âmbito foi necessário adaptar o laboratório criando salas com pressão negativa, para impedir que os agentes infeciosos presentes nessa sala se espalhem às áreas contíguas. A sala anteriormente dedicada à tuberculose foi a primeira a ser adaptada para a realização deste tipo de testes. Para o efeito foi necessário construir uma antecâmara e instalação de pressão negativa. No entanto, no início da pandemia, em março de 2020, a escassez de testes foi uma realidade em todo o mundo e no HFF não foi exceção, registando-se uma grande procura à escala global. Isto ditou que além dos testes realizados no laboratório, o HFF tivesse de recorrer a duas entidades externas para conseguir assegurar os resultados do elevado número de testes diagnóstico à COVID-19 que necessitava de realizar. Apenas três meses depois do início da pandemia, em junho de 2020, o HFF passou a ser autossuficiente na testagem à COVID, não necessitando mais de recorrer mais a entidades externas para a realização dos testes. A adaptação de uma segunda sala e a instalação de um segundo equipamento de testagem, tornaram esta realidade possível, tendo desde então uma capacidade instalada para realizar até 1.000 testes por dia. “Houve desde sempre uma grande preocupação com a segurança e conforto de todos os profissionais deste serviço, tendo o Serviço desenvolvido uma técnica de inativação do vírus”, diz Luísa Sancho, médica e diretora do Serviço de Patologia Clínica do HFF. Essa inativação no tubo de colheita, permite que os profissionais deste serviço possam desempenhar o seu trabalho com equipamentos de proteção individual adequados ao nível do risco, sendo os mesmos menos exigentes do ponto de vista físico. Nazaré Boavida, médica na unidade de Imunologia do Serviço de Patologia Clínica, e responsável pela área da testagem COVID-19 do HFF, investigou uma forma de inativar este vírus. O material até então usado para a colheita da amostra para análise mantinha o vírus vivo, o que obrigava que os técnicos estivessem totalmente equipados com equipamentos de máxima proteção individual – fatos, máscaras, viseiras, luvas, etc. Desenvolver uma fórmula que pudesse fazer a inativação do vírus depois de colhido tornou-se essencial e permite que os profissionais possam trabalhar com maior segurança, tanto no Serviço de Patologia Clínica como em todas as áreas onde se fazem estas colheitas. Em janeiro e fevereiro, quando o HFF chegou a ser o Hospital com o maior número de doentes COVID internados, realizaram-se em média 450 testes diagnóstico por dia. Para Luísa Sancho “foi uma luta e um desafio muito grande e que conseguimos superar, com distinção”. Este desafio trouxe emoções paradoxais: “por um lado foi muito desgastante, mas por outro lado foi extremamente recompensador ao saber que temos dado o melhor de todos nós em prol de um bem maior: o bem-estar e saúde das comunidades que servimos”, diz Luísa Sancho. “Há ainda a destacar o notável trabalho de equipa de todos os profissionais deste Serviço, em que tem prevalecido um enorme espírito de entreajuda e uma disponibilidade permanente, graças aos quais temos dado uma resposta de grande qualidade a esta pandemia”, conclui a Diretora do Serviço de Patologia Clínica.