RECOMENDAÇÕES DA ICSH ACERCA DA MORFOLOGIA DE SANGUE PERIFÉRICO

Evento: SPPC 2021

Poster Número: 001

Autores e Afiliações:

Filipa P. Freitas (1), Lucas B.D. Barbosa (1), Jorge Reis (1), Rui Soares (1,2), Luís Nina (1)

1-Serviço de Patologia Clínica, Instituto Português de Oncologia de Coimbra Francisco Gentil, EPE

2-Instituto de Microbiologia da Faculdade de Medicina da UC

INTRODUÇÃO

As recomendações da “The International Council for Standardization in Haematology” (ICSH) vieram como uma tentativa de homogeneizar a descrição de esfregaços de sangue periférico. Foram elaboradas por um grupo de especialistas internacionais e publicadas em 2015.

OBJETIVOS E METODOLOGIA

Este trabalho baseia-se no artigo: “ICSH recommendations for the standardization of nomenclature and grading of peripheral blood cell morphological features.”, Palmer L, Briggs C, McFadden S, Zini G, Burthem J, Rozenberg G, Proytcheva M, Machin SJ. E tem como objetivo dar conhecimento das recomendações de forma a possibilitar a uniformização da descrição dos esfregaços de sangue periférico.


RESULTADOS

Como aspetos gerais, o artigo refere que os resultados fornecidos pelos equipamentos automatizados são mais precisos que a avaliação feita pela microscópia ótica, sendo a realização de esfregaços reservada para amostras duvidosas ou nas quais o equipamento dá alertas. Recomenda-se referenciar as anormalidades morfológicas presentes em quantidades moderadas ou intensas, com exceção dos esquizócitos, que devem ser reportados sempre que presentes. 

As alterações descritas são divididas em três linhagens celulares, glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas.

Nos glóbulos vermelhos temos: as alterações de tamanho/cor (anisocitose, macócitos, micrócitos, hipocromia, dimorfismo e policromasia), as alterações de forma (acantócitos, equinócitos, estomatócitos, eliptócitos, esquizócitos, esferócitos, células em foice, célula mordida, células em alvo, células em lágrima e células em bolha), distribuições irregulares de glóbulos vermelhos no esfregaço (aglutinação e rouleaux) e a presença de inclusões (microorganismo, cristais de hemoglobina, corpos de Howell-Jolly, corpos de Pappenheimer e ponteado basofílico). As alterações de tamanho/cor devem ser reportadas quando encontradas e devem ser usados os valores obtidos pelos equipamentos para melhor caracterizar as alterações, como o VGM e o HCM. Nas alterações da forma recomenda-se quantificar as células e reportar de acordo com a quantidade. Recomenda-se reportar as distribuições irregulares de glóbulos vermelhos e as inclusões.

Os glóbulos brancos diferenciam-se em série mieloide e linfoide. Dentro da série mieloide, temos anormalidades citoplasmáticas (vacuolização nos neutrófilos, hipergranulação dos neutrófilos, hipogranulação dos neutrófilos, bastões de Auer e corpos de Dohle) e anormalidades nucleares (neutrófilos hipersegmentados ou hipossegmentados). Todas estas alterações devem ser referidas, sendo que a hipergranulação dos neutrófilos deve ser quantificadas. Dentro da série linfoide, a recomendação é que se aplique o termo “linfócitos reativos” para descrever linfócitos de etiologia benigna e “linfócitos anormais” quando houver suspeita de malignidade ou etiologia clonal.

Em relação às plaquetas, podemos diferenciar em alterações associadas à morfologia (plaquetas hipogranulares, megacarioblastos, megacariócitos e micromegacariócitos) e ao tamanho (plaquetas normodimensionadas, plaquetas macrocíticas, plaquetas gigantes e agregados de plaquetas). Todas estas alterações devem ser referidas quando encontradas no sangue periférico.


CONCLUSÃO

O conhecimento e utilização destas recomendações vão possibilitar a homogeneização das descrições morfológicas mundialmente e o reconhecimento e compreensão de relatórios além-fronteiras.

Os autores deste resumo não têm nenhum conflito de interesses a declarar.