BISALBUMINÉMIA - UM ACHADO PATOLÓGICO OU BENIGNO?
Evento: SPPC 2021
Poster Número: 002
Autores e Afiliações:
Svetlana Zhelezovskaya, Pedro Gouveia, Cláudia Reynolds, Maria Calle
Serviço de Patologia Clínica do CHTS
Introdução/ Descrição do caso:
A bisalbuminémia é uma entidade rara, correspondendo a uma variação qualitativa da albumina, de etiologia hereditária ou adquirida, existindo no mesmo indivíduo dois tipos de albumina sérica com mobilidades eletroforéticas diferentes.
Pretende o respetivo trabalho descrever 2 casos clínicos de bisalbuminémia detetados num Centro Hospitalar – Grupo C.
Casos Clínicos
1) Doente do sexo feminino de 75 anos com antecedentes de diabetes mellitus (DM) tipo2, hipertensão arterial (HTA), dislipidemia, insuficiência cardíaca (IC), obesidade, cirrose biliar primária, doença renal crónica (DRC) e patologia osteoarticular que recorre ao Serviço de Urgência (SU) por agravamento do padrão habitual de dispneia. A doente foi internada no serviço de medicina interna por IC agudizada e evoluiu favoravelmente sob terapêutica diurética;
2) Doente do sexo feminino de 64 anos com antecedentes de DM tipo 2, gastrite, dislipidemia e patologia osteoarticular degenerativa que recorre ao SU por icterícia generalizada, colúria, acolia e prurido. A doente foi internada para investigação de icterícia colestática, tendo sido diagnosticada com provável colangite biliar primária, e evoluído favoravelmente com a introdução de ácido ursodesoxicólico.
Durante o internamento, ambas as doentes realizaram uma eletroforese de proteínas por capilaridade no MINICAP (SEBIA®) que evidenciou 2 picos distintos na zona da albumina- bisalbuminémia.
Comentários/Conclusões:
A bisalbuminémia tem sido descrita em vários processos patológicos como DM (casos 1 e 2) e DRC (caso 1). A forma genética é rara, transmitida de modo autossómico dominante e com poucos casos documentados na literatura. A forma adquirida é geralmente transitória e está relacionada com tratamentos prolongados com beta-lactâmicos, patologia pancreática, síndrome nefrótico e mieloma múltiplo.
A bisalbuminémia é uma entidade pouco frequente. Contudo, em certos casos, pode ser indicadora de uma doença subjacente, permitindo, deste modo, uma melhor elaboração de diagnósticos diferenciais. Com efeito, devemos saber interpretar a sua importância nos diferentes contextos clínicos e familiarizar os médicos patologistas clínicos com a mesma.