IMPORTÂNCIA DO ESFREGAÇO DE SANGUE PERIFÉRICO EM CONTEXTO DE URGÊNCIA
Evento: SPPC 2021
Poster Número: 024
Autores e Afiliações:
Laís Simonato Altoé(1); Carla Barbosa Mendes(1); Marco Dias(2); Inês Freitas(1)
(1) Serviço de Hematologia Laboratorial do Centro Hospitalar Universitário do Porto;
(2) Serviço de Hematologia Clínica do Centro Hospitalar Universitário do Porto
Introdução
A observação do esfregaço de sangue periférico em contexto de urgência assume particular importância no diagnóstico, nomeadamente, na orientação clínica de doenças hemato-oncológicas.
Caso Clínico
Homem de 54 anos com antecedentes de bócio multinodular e doença venosa periférica, recorreu ao serviço de urgência no dia 29 de Junho de 2021, por quadro clínico com três semanas de evolução de equimoses dispersas no abdómen, membros superiores e inferiores, astenia, dor no flanco esquerdo associado a sensação de enfartamento precoce e sudorese noturna. Descreve episódio único de hemoptise com resolução espontânea, semelhante a outros com anos de evolução. Sem outras perdas hemáticas, febre, perda ponderal, alterações urinárias e gastrointestinais ou história de infeção recente. Realizou toma de vacina para SARS-CoV-2 no início de Junho de 2021. Em estudo analítico realizado no ambulatório destaca-se leucocitose de 116.5 x103/µL, trombocitopenia de 50 x103/µL e, presença de 82% de blastos no sangue periférico.
Ao exame físico objetivou-se adenopatia cervical direita, pequena, indolor e móvel à palpação, assim como, esplenomegalia 8 cm abaixo da grade costal e pequenas equimoses dispersas no abdómen e membros. O estudo laboratorial realizado em contexto de urgência evidenciou no hemograma uma leucocitose de 115.29×103/µL , uma trombocitopenia de 60×103/µL. e uma velocidade de sedimentação de 50mm. A observação microscópica do esfregaço de sangue periférico evidenciou a presença de 82.5% de células bastante heterogéneas no tamanho, com elevada relação núcleo:citoplasma. O citoplasma apresentava contorno regular e o núcleo cromatina imatura, por vezes de contorno irregular e/ou presença de nucléolo, excluindo características morfológicas de células blásticas.
Realizou em ambulatório, outros estudos como a citometria de sangue periférico, anatomia patológica e citometria de medula óssea que mostraram ser compatíveis com doença linfoproliferativa de células B maduras, pequenas, CD5+, com caraterísticas fenotípicas de linfoma B de células do manto. O estudo citogenético identificou a translocação (11;14)(q13;q32) CCND1/IGH em 49% das células observadas.
Conclusão
Com base aos estudos realizados o doente foi diagnosticado com Doença Linfoproliferativa Linfoma de Células do Manto sendo orientado para consulta de hematologia oncológica para a realização do tratamento adequado e o seu seguimento.
O estudo morfológico das células hematológicas do sangue periférico continua a ser uma mais valia no que se refere ao tempo de resposta e, aliada à informação clínica, à sugestão dos possíveis diagnósticos, permitindo uma orientação terapêutica mais célere pelo médico assistente.
Conflitos de Interesse
Os autores declaram não ter nenhum potencial conflito de interesse.