LEUCEMIA MIELÓIDE AGUDA - NÃO É O QUE PARECE

Evento: SPPC 2021

Poster Número: 015

Autores e Afiliações:

Cheila Plácido; Nídia Neves; Marlene Pires

Hospital Dr. Nélio Mendonça, Funchal – Madeira

Introdução

A Leucemia Mielóide Aguda (LMA) é uma neoplasia hematológica mais frequente em adultos. Atualmente encontra-se classificada em vários subtipos, de acordo com alterações morfológicas do esfregaço de sangue periférico (ESP) e medula óssea, características da imunofenotipagem e alterações citogenéticas/moleculares. A sua subclassificação é fundamental na orientação terapêutica e prognóstico. 

Caso Clínico 

Homem de 55 anos, com hábitos etílicos e tabágicos, recorreu ao serviço de urgência por quadro de cansaço e dispneia para pequenos esforços com cerca de uma semana de evolução. Negava febre, tosse ou outra sintomatologia associada. Negava perdas hemáticas. Ao exame objetivo destacava-se: pele e mucosas descoradas e escleróticas subictéricas. Perfil tensional de 94/71mmHg. Analiticamente: Hb 4,3g/dL; Leuc 9300/µL; Plaq 8000/µL; LDH 1077U/L. Apresentava ainda critérios de CID laboratorial (TP 27,7s; Fib 334mg/dL; D-Dimeros 941ng/mL – score de 6). No ESP observava-se 38% de blastos com morfologia característica de LMA, apresentando granulações, alguns com bastonetes de Auer. Foi internado com suspeita de LMA promielocítica e iniciado ATRA (ácido trans-retinóico) em monoterapia, tendo respondido à terapêutica com diminuição da percentagem de blastos em 24h e aumento da diferenciação celular. Verificou-se também melhoria dos parâmetros coagulimétricos. Posteriormente a imunofenotipagem e estudo citogenético revelaram tratar-se de LMA com t(8,21), pelo que o doente parou terapêutica com ATRA e iniciou IDAC (Idarrubicina+ARA-C) no quarto dia de internamento, já com diminuição acentuada do número de blastos em circulação. 

Conclusão 

O ATRA é a terapêutica recomendada para Leucemia Promielocitica, havendo no entanto outros subtipos que podem responder a este tratamento. No presente caso clínico estamos perante um doente com critérios de CID e blastos com características sugestivas de promielócitos anómalos que direcionavam para um diagnóstico de LMA Promielocitica, com subsequente resposta ao ATRA, terapêutica habitualmente instituída nestes casos. Assim sublinha-se que esta terapêutica pode ter um papel importante na indução de diferenciação celular e o papel fundamental da imunofenotipagem e citogenética no diagnóstico definitivo destas patologias.