PROTHROMBIN TIME ACTIVITY PERCENTAGE, IS IT RELEVANT?

Evento: SPPC 2021

Poster Número: 022

Autores e Afiliações:

Rita Paulino; David Ranhel; Mileydy Loaiza; Judite Batista; Fernando Cruz; Cristina Toscano

Serviço de Patologia Clínica, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental

Introdução

A pesquisa de bacilos ácido-álcool resistentes (BAAR) pela coloração específica de Ziehl-Neelsen é um exame microbiológico simples e acessível. Pelas suas implicações a nível de saúde pública, terapêutica e de morbimortalidade, o Mycobacterium tuberculosis é o agente que mais frequentemente motiva esta pesquisa. Contudo, existem outras bactérias que cursam com positividade nesta coloração, pelo que a identificação presumptiva precipitada e indiscriminada pode conduzir a diagnósticos falsos positivos, com graves repercussões a nível de terapêutica, resistências e mortalidade.

Casos clínicos

Doente de 46 anos, sexo feminino, sem antecedentes pessoais relevantes, iniciou a 21.6.21 quadro de odinofagia, otalgia, disfonia e febre. Assumiu-se o diagnóstico de amigdalite viral; mas, por agravamento do quadro, iniciou amoxicilina-ácido clavulânico a 24.6.21. Seis dias depois, recorreu a consulta de otorrinolaringologia, por aparecimento de tumefacção cervical direita dolorosa associada a disfagia, para além das queixas iniciais; foi medicada com penicilina. A 7.7.21, recorreu ao serviço de urgência por manutenção das queixas e aparecimento de tosse produtiva purulenta, com perda ponderal de 7 Kg nas últimas duas semanas. Analiticamente, salienta-se leucocitose de 11,1×109/L com neutrofilia de 8,96×109/L, PCR 41,3 mg/dL e Ac anti-HIV 1/2 e anti SARS-CoV-2 negativos. A TC revelou abcesso retro-faríngeo com mediastinite e extenso abcesso mediastínico. A pesquisa de BAAR foi repetidamente positiva (1+) nas amostras de expectoração, mas com TAAN (Técnica de Amplificação de Ácidos Nucleicos) por PCR (Polymerase Chain Reaction) em tempo real negativa para o complexo Mycobacterium tuberculosis, verificando-se o mesmo para o exsudado colhido do abcesso. O estudo microbiológico deste revelou vários microrganismos, incluindo anaeróbios, salientando-se a presença de Actinomyces odontolyticus. O exame cultural para Mycobacterium spp foi negativo.

Doente de 34 anos, sexo feminino, HIV-1 positiva, a cumprir TARV, foi referenciada para consulta de Dermatologia por lesões cutâneas papulares, bem delimitadas, violáceas, indolores, discretamente pruriginosas, dispersas por membros e tronco que foram aparecendo sucessivamente. Foi feita biópsia de lesão cutânea ulcerada, cujo estudo revelou: pesquisa de BAAR positiva, TAAN negativa, cultura para Micobactérias positiva (com factor corda duvidoso). A amostra foi enviada para centro de referência, tendo-se identificado M. haemophilum vs. M. malmoense (ainda em fase de confirmação de espécie).

Conclusão

Em ambas as situações descritas, a principal hipótese diagnóstica era Tuberculose, o que motivou a pesquisa de BAAR. Embora positiva para ambas, este não foi o diagnóstico final. A pesquisa de BAAR como exame de primeira linha na detecção de Micobactérias é útil pela celeridade de resposta; contudo, não sendo específico de Mycobacterium tuberculosis, a valorização e interpretação deste resultado deve ter em consideração a existência de outros microrganismos com estas características tintoriais como Actinomyces spp., Nocardia spp. e Mycobacterium não-tuberculosis que devem ser considerados na presença de pesquisa de BAAR positiva com TAAN negativa. A identificação definitiva da espécie tem elevada importância pelas suas implicações terapêuticas.