PROCALCITONINA COMO BIOMARCADOR DE CHOQUE SÉTICO

Evento: SPPC 2021

Poster Número: 027

Autores e Afiliações:

Nadezda Kochetkova, Margarida Tomas, Paula Mota

Patologia Clínica Hospital de Senhora de Oliveira, Guimarães

Introdução

A procalcitonina (PCT) é considerada um biomarcador de diagnóstico e prognóstico, proporcionando aos médicos da Unidade dos Cuidados Intensivos (UCI) uma ferramenta fundamental no diagnóstico de infeção bacteriana e sépsis/choque sético, auxiliando na decisão da terapêutica antibiótica a adotar, com consequente melhoraria dos resultados clínicos.

A PCT é sintetizada principalmente pelas células C da glândula tiroide. 

Os níveis de PCT normais no sangue são muito baixos.

Após a revisão extensa de vários artigos e literatura, o valor de referência consensual de PCT em adultos é de </= 0,15 ng/mL. 

Objetivos e metodologia:

Este estudo avalia a correlação dos níveis de PCT na previsão de hemoculturas positivas, no desenvolvimento de sépsis/choque sético e na mortalidade hospitalar.

A PCT foi doseada no soro no equipamento Cobas® e411, Roche. As garrafas das hemoculturas BACT/ALERT® foram incubadas no equipamento BACT/ALERT® VIRTUO®, Biomerieux.

Foram avaliados os resultados das hemoculturas e da PCT colhidas na admissão na UCI durante o período entre 01/2019 e 05/2021. Durante este período foram internados 296 pacientes. Do estudo foram excluídos os pacientes que não realizaram colheita de hemoculturas – 64.

Resultados

Da amostra de 232 pacientes:

48 doentes (20,7%) tiveram hemoculturas positivas e a PCT entre 1,5 e 366 ng/mL, os microrganismos mais isolados foram a E.coli- 54%, e o  S. pneumoniae- 12,5%. Destes, 38 doentes (79%) desenvolveram choque sético com PCT entre 1,6 e 366 ng/mL. 
39 doentes (16,8%) tiveram hemoculturas negativas, mas crescimento em outros produtos biológicos (secreções traqueobrônquicas, líquido peritoneal e articular, urina) e PCT entre 0,43 e 69 ng/mL. 

100 doentes (43,1%) tiveram todos os exames bacteriológicos/culturais negativos com PCT entre 0,25 e 34 ng/mL. Estes doentes tinham começado antibioterapia antes de admissão na UCIP, maioritariamente, com Ceftriaxone e Azitromicina nas infeções respiratórias e Metronidazol com Piperaciclin/Tazobactam e/ou Meropenem nas infeções abdominais. 

45 doentes (19,4%) tiveram todos os exames bacteriológicos negativos e PCT inferior a 0,15 ng/mL. 

O número total de óbitos foi de 45 doentes (19%): 21 dos quais desenvolveram choque sético, tendo hemoculturas positivas e PCT entre 2,32 e 366 ng/mL e 24 tiveram hemoculturas negativas e PCT entre 0,26 e 54 ng/mL.

Aplicando o teste do qui-quadrado verifica-se que existe associação estatisticamente significativa (p<0,05) entre existência de hemoculturas positivas e ocorrência de choque sético bem como a associação entre níveis mais altos de PCT e probabilidade de choque séptico.

Conclusão

Este trabalho corrobora a hipótese de que os níveis elevados de PCT, acima de 2,0 ng/mL na admissão, parecem estar significativamente correlacionados com hemoculturas positivas e com o desenvolvimento de sépsis/choque sético e com mortalidade hospitalar, pelo que pode ser usado como valioso biomarcador. 

A PCT tem sido apontada como importante ferramenta na escolha e duração da terapêutica antibacteriana, adaptando-as às necessidades individuais. Permite deste modo uma melhor racionalização do uso de antibióticos, com consequente diminuição das resistências bacterianas e dos custos económicos.

 

Declaração de Conflito de Interesses

Para os devidos efeitos declaramos que não existem conflitos de interesses na realização do presente trabalho.