QUANDO O APTT PODE NÃO SER A OPÇÃO CERTA PARA A MONITORIZAÇÃO DE HEPARINA NÃO FRACIONADA
Evento: SPPC 2021
Poster Número: 038
Autores e Afiliações:
Filipa Gamboa; Teresa Gago; Isabel Freire
Serviço de Patologia Clínica do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental
Objectivo
Evidenciar, através de um caso clínico, que a monitorização de heparina não fracionada (HNF) pelo aPTT pode não ser eficaz para todas as situações clínicas.
Introdução
Jovem de 14 anos, anteriormente saudável sem antecedentes pessoais ou familiares relevantes, desenvolveu quadro clínico de cansaço com 3 meses de evolução, inicialmente para médios esforços progredindo para pequenos esforços, sendo internado pelo agravamento de polipneia. No internamento, foi diagnosticado com miocardiopatia dilatada, insuficiência respiratória aguda com necessidade de ventilação não invasiva (VNI), lesão renal aguda e hepatite isquémica. O quadro clínico progrediu com queixas álgicas abdominais, taquicardia e síndrome de dificuldade respiratória (SDR) com indicação para entubação orotraqueal (EOT), durante a qual ocorreu paragem cardiorespiratória com 55 minutos de duração, tendo sido necessária oxigenação por membrana extracorporal (ECMO). Neste procedimento, a HNF sistémica foi monitorizada através de aPTT seriados. Verificou-se novo agravamento clínico com elevação dos parâmetros inflamatórios e a ocorrência de trombose venosa do membro inferior esquerdo (MIE) associada a sépsis por Candida glabatra, tardiamente identificada. Perante a situação clínica, colocou-se a hipótese de anticoagulação insuficiente dada a presença concomitante de mecanismos pro-trombóticos, como ECMO e sépsis, apesar dos dados analíticos (aPTT) não o evidenciarem, tendo-se optado por uma monitorização alternativa do doseamento da HNF através da atividade anti-Xa.
Conclusão
Doentes com sépsis apresentam alterações nos parâmetros da coagulação em diversas situações clínicas, sendo perentório seguir a variabilidade laboratorial que acompanha essa condição clínica. No caso apresentado, os resultados encontrados para o aPTT foram influenciados pelo consumo das proteínas da coagulação no processo inflamatório subjacente, mascarando a ineficácia da terapia que foi posta em causa após monitorização da HNF pela atividade anti-Xa.
Os autores não têm conflitos de interesse.