SUSPEITA DE MALÁRIA NO ANALISADOR HEMATOLÓGICO SYSMEX XN-9100™

Evento: SPPC 2021

Poster Número: 019

Autores e Afiliações:

Carla Barbosa Mendes (1); Pedro Barata Coelho (1); Ana Serra Couto (2); Inês Freitas (1);

(1) Serviço de Hematologia Laboratorial do Centro Hospitalar Universitário do Porto, E.P.E;

(2) Serviço de Patologia Clínica do Centro Hospitalar Tondela-Viseu, E.P.E.

Introdução

O diagnóstico de malária assenta na integração do quadro clínico e dos meios complementares de diagnóstico, nomeadamente, da observação microscópica do esfregaço de sangue periférico (ESP) para identificação do parasita. Do ponto de vista laboratorial, os analisadores hematológicos automatizados podem ser uma ferramenta útil no diagnóstico presuntivo de malária. Este caso clínico visa demonstrar a mais-valia de uma correta interpretação das informações fornecidas pelos analisadores hematológicos automatizados.

Caso Clínico

Homem de 70 anos de idade, autónomo e cognitivamente integro, residente em São Tomé e Príncipe desde há 20 anos. Evacuado para Portugal por suspeita de doença hematológica na sequência de um internamento com 1 mês de duração por febre e pancitopenia. Foi admitido neste hospital, após recorrer ao serviço de urgência, por diagnóstico de pielonefrite aguda a Klebsiella pneumoniae produtora de beta-lactamases de espectro estendido (ESBL). Já no internamento foi solicitado estudo analítico. O hemograma foi efetuado no analisador hematológico automatizado Sysmex XN-9100™, onde se verificou a presença de uma bicitopenia com uma linfopenia de 2.10×103/µL e uma anemia de Hb 10.9g/dL. No histograma de dispersão leucocitário Side-Fluorescente Light – Side Scattered Light (SFL-SSC), que utiliza a citometria de fluxo com fluorescência, observou-se uma população anormal, posicionada com um baixo score no eixo Side Fluorescence Light (SFL) e um alto score no eixo Side Scatter Light (SSC). Por este motivo, foi realizado no Módulo SP-50®, incorporado na cadeia do analisador hematológico automatizado, o ESP e a sua coloração por May-Grunwald-Giemsa. A observação microscópica do ESP revelou a presença de eritrócitos parasitados por Plasmodium spp, com raros trofozoítos e gametócitos, sugestivos de Plasmodium falciparum e uma parasitémia inferior a 1%. 

No seguimento do estudo do quadro clínico foi realizado um aspirado de medula óssea. O esfregaço foi corado manualmente com a coloração de Leishman. O estudo microscópico do mesmo mostrou uma medula normocelular, observando-se alguns gametóctios de Plasmodium falciparum.

Conclusão

O domínio e conhecimento do funcionamento e das potencialidades dos analisadores hematológicos são uma mais-valia na rotina laboratorial, particularmente, nestes casos em que se levanta o diagnóstico diferencial de malária. No entanto, a microscopia não deixa de ser o gold standard do diagnóstico, uma vez que permite discriminar a espécie bem como estabelecer o grau de parasitémia do indivíduo.

 

Declaração de Conflito de Interesse

Os autores declaram que não apresentam conflitos de interesse com a submissão deste resumo.