TUMOR NEUROENDÓCRINO GÁSTRICO DO TIPO 1

Evento: SPPC 2021

Poster Número: 067

Autores e Afiliações:

Yuliya Volovetska, Marta Fraga, J. Sampaio Matias, Helena Proença, J. Melo Cristino

Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, Serviço de Patologia Clínica

Introdução

Os tumores neuroendócrinos (TNEs) gástricos são tumores raros, ocorrendo em 1 a 2 casos / 1.000.000 pessoas por ano e correspondendo a cerca de 8,7% de todos os tumores neuroendócrinos gastrointestinais. São lesões resultantes da hiperplasia das células tipo-enterocromafim da mucosa gástrica. Classificam-se em 3 tipos distintos, de acordo com as suas características endoscópicas, histológicas e bioquímicas.

Os TNEs gástricos do tipo 1 correspondem à maioria desses tumores (70-80%), com bom prognóstico, normalmente associados a gastrite atrófica crónica. Podem ser acompanhados de anemia por défice de vitamina B12. O tipo 2 ocorre em contexto de gastrinoma, tipicamente a nível do duodeno e pâncreas (síndrome Zollinger-Ellison). Ambos cursam com hipergastrinemia, contrariamente ao tipo 3 que, tendo pior prognóstico, está associado a níveis normais de gastrina, ocorrendo geralmente como uma lesão solitária.

Objetivo

Os autores apresentam um caso clínico de TNE gástrico do tipo 1.

Caso Clínico

Jovem, sexo masculino, 26 anos, sem antecedentes pessoais ou familiares relevantes. 
Recorre ao Serviço de Urgência (SU) por quadro com 1 semana de evolução de cansaço, tonturas e sensação de lipotimia, sem outras queixas associadas. À observação no SU, a salientar: discreto eritema da língua e da mucosa oral, palidez extrema da pele e mucosas, no entanto sem adenopatias ou organomegalias palpáveis nem défices neurológicos. Analiticamente a destacar: anemia macrocítica hipercrómica (Hb 7.8 g/L, Ht 22.3%, VGM 111.5 fL, HGM 39.1 pg), défice de vitamína de B12 (vitamina B12 <100 pg/mL) e aumento de LDH (LDH 4673 U/L). Na observação do esfregaço do sangue periférico a destacar: anisopoiquilocitose eritrocitária, presença de alguns macroovalócitos, policromatófilos e hipersegmentação de alguns neutrófilos.
Em regime de internamento foi efetuada endoscopia digestiva alta que revelou a presença de “mucosa com aspeto atrófico e lesão polipóide séssil com 10 mm na pequena curvatura do corpo do  estômago”. O exame anatomopatológico do material obtido confirmou  o diagnóstico de gastrite crónica atrófica. Já a biópsia do fragmento do pólipo revelou “fragmentos de mucosa gástrica com gastrite crónica atrófica, proliferação de nódulos coalescentes de células neuroendócrinas, com infiltração da mucosa e atingimento da margem profunda do fragmento”. Na avaliação analítica complementar a destacar anticorpos anti-células parietais negativos, gastrina-17 – 697 pmol/L (valor de referência: 1,7-7,6 pmol/L) e  cromogranina A – 175.7 ng/mL (valor de referência: < 102 ng/mL).

Conclusão

O correto diagnóstico de um TNE gástrico permite um tratamento individualizado e um prognóstico específico. 
Através do presente caso clínico, pretende-se salientar a importância do Laboratório no diagnóstico desta patologia, sobretudo na distinção dos seus diferentes subtipos, bem como no acompanhamento e prognóstico deste tipo de TNEs. 

 

Declaração de Conflito de Interesses ou a sua ausência

Todos os autores declaram, por sua honra, não haver a presença de conflito de interesses.