ADEQUAÇÃO DA PRESCRIÇÃO DOS TESTES DE RASTREIO SARS-CoV-2 NO CONTEXTO DE INTERNAMENTO HOSPITALAR
Evento: XI Congresso Nacional de Patologia Clínica
Poster Número: 031
Autores e Afiliações:
Silvia Freitas Arroja-1, José Pereira-2, Paulo Silva-2, Ana Paula Cruz-1
1 – Serviço de Patologia Clínica do Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia e Espinho E.P.E.
2 – Serviço de Patologia Clínica do Instituto Português de Oncologia do Porto
INTRODUÇÃO
Em dezembro de 2019 foram notificados os primeiros casos de uma doença que viria a ser designada de COVID-19, reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como pandemia a 11 de Março de 2020. No âmbito das medidas para gestão da pandemia foram implementadas diretrizes para a testagem de indivíduos, que foram sendo adaptadas aos recursos disponíveis e à situação epidemiológica da COVID-19.
A última atualização da norma 019/2020 da Direção Geral da Saúde (DGS) definiu uma estratégia de testagem para SARS-CoV-2 para o contexto hospitalar. Indivíduos internados com resultado SARS-CoV-2 negativo deveriam realizar testes de rastreio da infeção por SARS-CoV-2, independentemente do estado vacinal, entre o 3º e o 5º dia após o teste de admissão hospitalar e, periodicamente de 5/5 ou 7/7 dias contados a partir do último teste, de acordo com o contexto de cada serviço/instituição e com o Grupo de Coordenação Local do Programa Nacional de Prevenção e Controlo de Infeções e das Resistências aos Antimicrobianos (GCLPPCIRA). Na instituição onde trabalho foi publicada a operacionalização desta norma, determinando a realização de testes de rastreio SARS-CoV-2 entre o 3º e o 5º dia após o teste de admissão hospitalar e, periodicamente a cada 7 dias contados a partir do último teste.
OBJETIVOS e METODOLOGIA
Pretendeu-se avaliar a adequação da prescrição de testes de rastreio SARS-CoV-2 às orientações publicadas pela instituição para os doentes internados, no período de 1 a 4 de fevereiro de 2022. Os dados foram obtidos através da consulta dos processos dos doentes no sistema de gestão laboratorial e a análise estatística realizada com recurso ao Excel.
RESULTADOS
Durante o período avaliado foram identificados 155 pedidos de teste de rastreio SARS-CoV-2 provenientes do internamento. Observou-se que 54% dos testes de rastreio realizados não foram prescritos de acordo com as recomendações da instituição.
CONCLUSÕES
Os testes moleculares de amostras nasofaríngeas para SARS-CoV-2 são testes diagnósticos com elevada especificidade e sensibilidade. No entanto, a disseminação viral de SARS-CoV-2 nas amostras respiratórias pode não ser consistente ao longo da infeção e apesar de referido na literatura que a quantidade de vírus é maior na primeira semana de infeção, algumas publicações referem uma taxa de resultados falsos negativos que pode variar entre 11 a 40%.
A probabilidade de detetar o vírus é muito baixa (0%) imediatamente após a exposição, aumenta (33%) 1 dia antes do início dos sintomas, é mais alta (62%) no dia do início dos sintomas, atingindo um máximo (80%) no dia 3 dos sintomas. É portanto natural que a testagem dos pacientes internados constitua uma preocupação após um teste inicial negativo e é uma das razões pelas quais a DGS recomenda às instituições de saúde a operacionalização de estratégias de testagem, assegurando a segurança do paciente e dos profissionais de saúde e fazendo uma gestão eficiente dos recursos de testagem disponíveis.
Os resultados obtidos mostraram que os doentes internados estão a ser submetidos a um excesso de testes de rastreio SARS-CoV-2 e uma possível hipótese explicativa poderá ser o aparecimento de sintomas de novo, sem registo na informação clínica que é enviada ao laboratório.
Esta avaliação alerta-nos para a necessidade de implementar medidas que visam melhorar a adequação da prescrição dos testes de rastreios SARS-CoV-2, tornando o processo de testagem mais eficiente.
Declaração de conflito de interesses: Sem conflito de interesses.