EVOLUÇÃO DA RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA DE BACTÉRIAS GRAM-NEGATIVO NA INFECÇÃO URINÁRIA

Evento: XI Congresso Nacional de Patologia Clínica

Poster Número: 044

Autores e Afiliações:

Márcia Almeida, Rui Figueiredo, Helder Alves, Jóni Mota, Ana Nascimento, Rita Coelho, Rosa Soares, Irina Bernardo, Luís Morais, Paula Gama, Carlos Cortes.

Serviço de Patologia Clínica, Centro Hospitalar do Médio Tejo

Introdução

A emergência da resistência aos antimicrobianos (RAM) em bactérias é um problema mundial, com crescente importância nas infecções adquiridas na comunidade, especialmente nas infecções do trato urinário (ITU). O objetivo deste estudo foi rever a evolução da RAM nos últimos 7 anos em bacilos Gram-negativo de ITU.

Objetivos e Metodologia

Os resultados de RAM apresentados neste trabalho são baseados em resultados de testes de suscetibilidade antimicrobiana de isolados de infecção urinária de E. coli, K. pneumoniae, P. aeruginosa, Proteus spp. e M. morganii. Os dados foram recolhidos do LIS Modulab desde 2014 até outubro de 2021. Antes da análise dos dados foram eliminados os duplicados para incluir apenas o primeiro isolado por paciente, ano e espécie bacteriana.

Resultados

As espécies de bactérias mais comuns foram E. coli (n = 9823; 60,4%) seguida por K. pneumoniae (n = 3496; 21,5%). As percentagens de RAM foram geralmente maiores em K. pneumoniae e M. morganii do que em E. coli. A E. coli apresentou maior resistência à ampicilina ao longo dos anos, porém com tendência decrescente (58,5% a 50,6%). A RAM simultânea a β-lactâmicos, quinolonas e aminoglicosídeos (β/Q/A) também diminuiu de 16,4% em 2014 para 8,6% em 2021. A resistência à fosfomicina e à nitrofurantoína foi baixa ao longo dos anos. A K. pneumoniae mostrou-se mais resistente às cefalosporinas de 3ª geração, com tendência crescente (47,4% para 57,7%). Também foi observado um aumento da resistência aos carbapenemos de 4,1% em 2014 para 15% em 2019, diminuindo para 7,9% em 2021.Observou-se um aumento da resistência à fosfomicina (18,9% para 50,5%) e nitrofurantoína (11,7% para 46,2%, em 2020, e diminuição para 11,9% em 2021). A P. aeruginosa apresentou menor sensibilidade à piperacilina/tazobactam, tendo uma tendência de resistência descrescente (26,4% a 22,9%). A resistência à ceftazidima manteve-se perto dos 18% ao longo dos anos. O Proteus spp. apresentou baixos níveis de RAM. A M. morganii foi a mais resistente, permanecendo com baixos níveis de resistência aos carbapenemos.

Conclusões

Para a maioria das bactérias Gram-negativo, as mudanças nas percentagens de RAM entre 2014 e 2021 foram moderadas a baixas, mas foi observada uma diminuição geral. Baixos níveis de resistência à fosfomicina e nitrofurantoína foram observados em E. coli, o patogénio mais comum na infecção urinária. A tendência crescente da resistência aos carbapenemos observada na K. pneumoniae é preocupante. O Proteus spp. e a P. aeruginosa apresentaram baixos níveis de RAM.

Declaração de conflito de interesses: Declaro que não tenho nenhum conflito de interesse.