LEUCEMIA PROMIELOCÍTICA AGUDA SECUNDÁRIA A QUIMIOTERAPIA
Evento: XI Congresso Nacional dde Patologia Clínica
Poster Número: 018
Autores e Afiliações:
Silvia Freitas Arroja-1, Sara Moura-2, Ana Maria Meireles-3, Teresa Sousa-4, Raquel Coentrão-4, Carlos Mendes-4, Gabriela Martins-4
1 – Serviço de Patologia Clínica do Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia e Espinho E.P.E.
2 – Serviço de Patologia Clínica do Hospital Distrital de Santarém
3 – Serviço de Onco-Hematologia do Instituto Português de Oncologia do Porto
4 – Serviço de Patologia Clínica do Instituto Português de Oncologia do Porto
Introdução
A Leucemia Promielocítica Aguda (LPA) é um subtipo de Leucemia Mieloide Aguda (LMA), que corresponde a cerca de 5 – 8 % das LMA. Está atualmente classificada pela classificação da Organização Mundial de Saúde entre as LMA com anormalidades citogenéticas recorrentes: Leucemia Promielocítica Aguda com translocação (15;17)(q22;q12);PML-RARA.
A translocação entre os cromossomas 15 e 17 origina o gene de fusão PML-RARA. O gene recetor alfa do ácido retinóico (RARA) codifica uma proteína da família dos recetores nucleares e o gene da Leucemia Promielocítica Aguda, (do inglês Promielocitic Leukemia – PML) codifica uma proteína reguladora da apoptose, senescência, resposta à infeção viral e stress oxidativo. Em condições normais, o RARA, quando ligado ao ácido retinóico, promove a diferenciação mieloide, enquanto o gene de fusão inibe a transcrição de genes envolvidos na maturação.
A LPA é identificável morfologicamente e deve existir um elevado grau de suspeição de forma a permitir o tratamento precoce destes doentes.
Caso Clínico
Mulher de 60 anos, seguida no IPO – Porto por carcinoma ductal invasor da mama direita submetida a quimioterapia e, que em dezembro 2020, por pancitopenia e história de hipertrofia gengival e gengivorragias com 4 meses de evolução, com aumento dos D – Dímeros, realizou medulograma que revelou uma medula óssea hipocelular, infiltrada por 72% de células blásticas com corpos de AUER, compatível com LPA.
O recurso a técnicas de hibridização fluorescente in situ (FISH) permitiu classificar este caso como uma LPA com t (15; 17) (q24; q21) com gene de fusão PML – RARA, também detetado por RT-PCR, do tipo bcr3.
A imunofenótipagem da MO caracterizou uma população de células blásticas, com expressão sCD3-, cCD3-, CD4-/+, CD7-, CD9+, CD10-/+ (18%), CD11b-, CD13+/++, CD14-/+, CD15-/+, CD16, CD19-, CD22-, CD25-/+, CD33+, CD34-/+, CD35-, CD36, CD38+, CD42b-/+, CD56-, CD61-, CD64+, CD71-, CD105-, CD117+, CD123+, CD300e-/+, HLADR-, MPO+, NG2-, TdT-, que confirma a presença de blastos com imunofenótipo mieloide, compatível com uma LPA.
Comentários/Conclusão
O tratamento com drogas quimioterápicas pode resultar num aumento do risco para síndrome mielodisplásica (SMD) e/ou leucemia mieloide aguda (LMA). Existe evidência que tanto os agentes alquilantes, os inibidores da topoisomerase e os inibidores Poli(ADP-ribose) polimerase (PARP) aumentam o risco de desenvolver SMD e LMA, assim como a radioterapia.
A coagulopatia associada à LPA constitui uma das complicações mais temidas e pode evoluir para coagulação intravascular disseminada (CID). Desde a introdução do tratamento com ácido transretinóico (ATRA) associado à quimioterapia, a LPA tornou-se numa das leucemias de melhor prognóstico.
Para o diagnóstico, prognóstico e monitorização da LPA é importante a integração dos resultados das várias áreas de diagnóstico laboratorial, como a citomorfologia, a imunofenotipagem e genética.
Declaração de conflito de interesses: Sem conflito de interesses.
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