OS DESAFIOS DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NO PAPEL EXERCIDO PELO LABORATÓRIO NO APOIO À PRÁTICA CLÍNICA

Evento: XI Congresso Nacional de Patologia Clínica 

Poster Número: 033

Autores e Afiliações:

Sílvia Raquel Santos, Catarina Silva Araújo, Luís Albuquerque, Raquel Conde, Miguel Machado, Ricardo Fernandes, Aurélio Mesquita.

Hospital de Braga

Introdução

O laboratório de patologia clínica desempenha um papel muito importante e de grande proximidade com as várias especialidades médicas e áreas desde os cuidados intensivos, internamento, consulta externa e, ainda, o serviço de urgência (SU). Atender aos diferentes pedidos e ajustar-se às solicitações de cada especialidade é um desafio. Porém, com as novas tecnologias de processamento e análise de dados, o laboratório depara-se com o desafio da inovação informática, isto é, não se limita a ser um transmissor de resultados, mas a assumir o compromisso de fazer a primeira análise inferencial sobre os mesmos, e disponibilizar essa mesma informação para o clínico. Assim, o laboratório de Patologia Clínica contribui não só para a maior eficiência e produtividade, como também para a minimização de possíveis erros médicos.

Objetivos e Metodologia

Implementar no sistema Maxdata® as fórmulas matemáticas para o cálculo do Cálcio Corrigido, Índice de Saturação de Transferrina (IST), Índice de Produção de Reticulócitos (IPR), Rácio Proteínas/Creatinina (P/C) e Rácio Albumina/Creatinina (A/C) ambas em urina ocasional, e por fim a Taxa de Filtração Glomerular (TFG). De seguida, a disponibilização no software do Glintt® destes para a população adulta (≥ 18 anos). Por fim, e com recurso ao Microsoft Excel® realizar a análise casuísta anual do número de cálculos efetuados, entre 1 de janeiro e 31 de dezembro de 2021 no Hospital de Braga.

Resultados

Na informatização dos diferentes parâmetros, optou-se por disponibilizar os mesmos desde que o médico requisitante incluísse no pedido todas as análises necessárias para o seu cálculo. Os resultados são disponibilizados automaticamente com a exceção da TFG, divulgada apenas se requisitada pelo clínico. O parâmetro mais vezes calculado foi o cálcio corrigido para o valor da albumina (n=23.196; 45.7%), desde de que o pedido incluísse o cálcio total e a albumina. O IST foi o segundo parâmetro mais vezes apresentado (n=13.029; 25.7%), sempre quando solicitados o Ferro sérico e a Capacidade Total de Fixação do Ferro (CTFF) simultaneamente. O Rácio P/C (n=5.922; 11.7%) e o Rácio A/C (n=5.394; 10,6%) foram calculados sempre que os valores em dupla foram requeridos na mesma amostra. O IPR (n=2.274; 4.5%) foi apresentado sempre que requisitados o hemograma e a contagem de reticulócitos. Por último, a TFG foi o parâmetro menos vezes calculado (n=875; 1.7%), relembrando que o mesmo tinha que ser solicitado previamente, não bastando por isso o pedido isolado do valor da creatinina. No caso do SU, apenas a TFG estava disponível a pedido no Glintt®, pois os restantes parâmetros não estão acessíveis, a menos que o médico faça um pedido extra-formulário ao laboratório.

Conclusões

O objetivo deste projeto foi alcançado, na medida em que, se incluíram na carteira de análises clínicas seis parâmetros que até então o médico tinha que calcular manualmente ou recorrendo a calculadoras. Desta forma, a economia de tempo foi algo a destacar, assim como a ausência de custos adicionais para o Hospital. O acesso a resultados anteriores para inferir o perfil basal do doente (p.e. TFG) foi extremamente útil na prática clínica. Outra vantagem que importa destacar, é a possibilidade de inserção destes parâmetros em protocolos pré-definidos como é prática habitual no Hospital de Dia. Num futuro, espera-se poder informatizar mais fórmulas essências e alargar a disponibilização à população pediátrica.

Declaração de conflito de interesses: Nenhum.