PESQUISA DE SARS-CoV-2 POR RT-PCR EM TEMPO REAL: RESULTADOS DE UM ANO DE PANDEMIA

Evento: XI Congresso Nacional de Patologia  Clínica 

Poster Número: 039

Autores e Afiliações:

Rita Côrte-Real, Olga Costa, Madalena Almeida Santos, Irene Carrapatoso, Helena Matias, Isabel Dias, Isabel Fernandes, Kelly Pereira, Lídia Santos, Lurdes Lopes, Maria José Pires, Patrícia Miguel, Paula Baranito, Paula Branquinho, Sara Gomes, Sofia Santos, Sónia Rodrigues, Susana Silva, Teresa Ferreira.

Patologia Clínica – Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central

Introdução

O segundo ano da pandemia pelo SARS-CoV-2 foi caracterizado pela emergência e circulação das variantes de preocupação (VOC) Alpha, Beta, Gamma, Delta e Omicron, que causaram impacto na transmissibilidade do vírus e no número de novos casos. Foi ainda marcado por várias renovações do estado de emergência e pela vacinação em massa da população, no nosso País. 

Objetivos e Metodologias

O objetivo deste trabalho foi analisar os resultados dos testes efetuados para a pesquisa de SARS-CoV-2 por RT-PCR em tempo real, num centro hospitalar, durante o ano de 2021. As metodologias de diagnóstico laboratorial, consolidadas no primeiro ano da pandemia, consistiram na utilização de reagentes que detetam no mínimo dois genes do SARS-CoV-2, um específico e outro inespecífico, equipamentos totalmente automáticos e uma plataforma automatizada de extração dos ácidos nucleicos e de PCR em tempo real. Os dados demográficos, critérios de pedido e resultados dos testes foram obtidos através do sistema de informação do laboratório (SIL). 

Resultados

Foram analisados 170236 pedidos de testes em amostras respiratórias, 99,6% do trato respiratório superior -exsudados da naso / orofaringe colhidos em simultâneo e aspirados nasais- e 0,4% do trato respiratório inferior- expetoração, secreções brônquicas e lavado broncoalveolar; 22035 testes (13%) pertenceram a profissionais. A idade média da população foi 48 anos sendo 55% do género feminino. Os resultados distribuíram-se por: não detetados – 157920 (92,8%), detetados- 9375(5,5%) e inconclusivos- 2199(1,3%). Os critérios para o pedido do teste foram maioritariamente: rastreio pré-internamento / procedimento – 49%; rastreio em assintomático sem/com contacto de risco confirmado – 17,2%/7,4%; diagnóstico em sintomático- 13,8%. Não houve informação em 9% dos pedidos. O número de testes oscilou nos 12 meses, com picos / taxas de detetados em: janeiro -18590 / 14%; julho- 15832 / 7,3%; dezembro 19059/ 7,9%. Verificou-se também uma taxa superior a 4% em: fevereiro-9,2%, junho-4,7% e agosto- 5,4%. A idade média no grupo dos detetados foi mais alta em janeiro e fevereiro e diminuiu de forma consistente até setembro. Os resultados detetados pertenceram maioritariamente a pessoas sintomáticas-39,3%; para internamento/ procedimento- 13%; assintomáticas com contacto de risco- 6,7%; assintomáticas sem contacto de risco- 6,3%. No grupo dos não detetados, 12,2% corresponderam a pessoas sintomáticas. 

Conclusões

Os testes foram efetuados quase exclusivamente em exsudados da naso /orofaringe com predomínio de resultados não detetados (92,8%). Os pedidos para admissão ou pré –procedimentos (49%) foram importantes para o conhecimento da pandemia na comunidade. Os aumentos dos testes e/ou de taxas de positividade coincidiram com a emergência e/ou fases de maior disseminação das VOC: da Alpha em janeiro e fevereiro ; da Delta em junho, julho e agosto e em dezembro da Omicron. O programa nacional de vacinação, as características das pessoas não vacinadas e o aparecimento da VOC Omicron, em Novembro, foram fatores que condicionaram a evolução da média de idades, no grupo dos detetados. A diferença de resultados detetados entre assintomáticos com e sem contacto de risco, 6,7% vs 6,3%, não foi significativa questionando-se a definição de contacto de risco. Os resultados não detetados em pessoas sintomáticas implicaram a pesquisa de outros vírus respiratórios, diagnóstico diferencial do SARS-CoV-2.

Declaração de conflito de interesses: Não tenho nada a declarar