VISÃO RETROESPECTIVA DE 3 ANOS DE RASTREIO AUTOMATIZADO DE SÍFILIS NUM LABORATÓRIO HOSPITALAR

Evento: XI Congresso Nacional de Patologia  Clínica 

Poster Número: 049

Autores e Afiliações:

Gonçalo Torres, Gil Sequeira, Hermínia Marques, Paula Mota Vieira

Serviço de Patologia Clínica do Hospital Senhora da Oliveira, Guimarães E.P.E.

Introdução

A Sífilis é uma doença sistémica transmitida por via sexual e vertical causada pela espiroqueta Treponema pallidum. Segundo a DGS a sua incidência tem sido crescente em Portugal. O diagnóstico tradicional era realizado através de um teste não treponémico como o Rapid Plasma Reagen Syphilis (RPR) seguido por um teste treponémico como a imunoquimioluminiscencia. O aparecimento de testes treponémicos automatizados em regime de screening, permitiu inverter a sequência laboratorial dos testes outrora realizados (algoritmo reverso). Os testes automatizados possibilitam uma metodologia laboratorial padronizada e assim um diagnóstico mais rápido e sensível.

Objetivos e Metodologia

Estudo descritivo retrospectivo baseado na análise dos resultados de diagnóstico laboratorial de Sífilis num laboratório de Patologia Clínica hospitalar. Foram incluídos todos os testes realizados durante um período de 3 anos (entre 01/01/2019 e 31/12/2021). Cada diagnóstico de sífilis foi realizado por algoritmo reverso de rastreio de sífilis baseado na recomendação do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC). O algoritmo inicia-se pelo rastreio teste treponémico automático de imunoquimioluminiscencia ADVIA Centaur Syphilis Assay [ACSA] (Siemens, Muenchen, Alemanha) sendo considerados positivos testes >1.1 seguidos de RPR (Human Geselischaft fur Biochemica un Diagnostica mbH, Wiesbaden, Alemanha). Confirmação das amostras por teste ELISA anticorpo anti-Treponema pallidum IgG e IgM (EATP ratio positivo > 1.1) (Euroimmun, Lubeck Alemanha).  

Resultados

Foram realizados 12548 testes rastreio treponémicos dos quais 832 foram positivos (6.63%). A distribuição por anos foi de: 4462 testes em 2019; 3597 em 2020 e 4489 em 2021. As mulheres corresponderam a 58% dos sujeitos testados, mas apenas a 29.4% dos testes positivos. Analisando por faixa etária: os menores de 18 anos corresponderam a 1.3% dos testes (4.7% dos positivos); o grupo entre 18 a 64 anos – 75% dos testes (61% dos positivos) e os sujeitos maiores que 65 anos com 23% dos testes (33% dos positivos). No que concerne à origem dos pedidos de teste: 47% foram no contexto de consulta externa; 35% no internamento e 16% em serviço de urgência (pré internamento). O teste RPR, realizado de seguida, foi negativo em 23 dos 832 rastreios positivos (2.76%). Nesses 23 casos sujeitos a ELISA, apenas 8 não foram confirmados como positivos (taxa de falsos positivos no rastreio automático inicial inferior a 1%).  

Conclusões

A análise estatística da testagem laboratorial de sífilis permite conhecer melhor o contexto de diagnóstico desta doença no meio hospitalar. O número de testes realizado anualmente foi pouco afetado pelo período de pandemia Covid-19. O algoritmo reverso de diagnóstico com teste de rastreio automático por imunoquimioluminiscencia permite uma abordagem uniformizada de pesquisa de sífilis e elimina a necessidade de realização de RPR em todos os doentes.

Declaração de conflito de interesses: O autor responsável pela submissão deste trabalho e todos os co-autores, declaram que não têm conflitos de interesse.