A TARTARUGA COMO ANIMAL DE ESTIMAÇÃO SERÁ INOFENSIVA?

Evento: XII Congresso Nacional de Patologia Clínica

Poster Número: 063

Autores e Afiliações:

Sara Ribas Moura, Ramona-Diana Bindean, Ana Catarina Monteiro, Paula Pinto, Isabel Padroso

Serviço de Patologia Clínica – Hospital Distrital de Santarém 

Introdução: As tartarugas domésticas de pequeno porte podem ser portadoras de Salmonella spp., com risco de infetar oshumanos por transmissão fecal-oral, através do contacto direto ou indireto com os excrementos. A infeção por Salmonella spp. manifesta-se habitualmente como uma gastroenterite aguda autolimitada, sendo as crianças menores de 5 anos as mais propensas. No entanto, os idosos, crianças pequenas e os imunocomprometidos têm maior probabilidade de desenvolver salmoneloses mais graves. Os serotipos mais frequentes e associados a zoonoses são Enteritidis, Typhimurium, Newport e Javiana. De acordo com os dados da OMS, o número de casos notificados tem aumentado nos últimos anos.
Caso Clínico: Bebé de 2 anos, do sexo feminino e saudável, é internada por febre há 4 dias, posteriormente associada a diarreia com muco e raios de sangue, e vómitos. À admissão encontrava-se pálida e febril; ao exame objectivo, o abdómen apresentava-se com ruídos hidroaéreos aumentados, timpanizado e doloroso à palpação. Analiticamente, de salientar leucócitos de 12 800/uL com neutrofilia 9000/uL, hiponatremia ligeira de 133mEq/L, aumento da proteína C reativa (22.39mg/dL) e da procalcitonina (3.67ng/mL). Realizada a pesquisa de SARS-CoV-2 que foi negativa. A doente colheu amostras de fezes e de sangue para hemocultura. A pesquisa de rotavírus e adenovírus, e o exame parasitológico nas fezes foram negativos. A coprocultura identificou Salmonella spp., cujo teste de sensibilidade aos antimicrobianos relevou ser uma estirpe multissensível. A serotipagem permitiu concluir a presença de Salmonella enterica enterica ser. Newport. A hemocultura foi negativa. Após a instituição terapêutica, a doente demonstrou uma melhoria clínica e analítica, comprovada pela diminuição gradual dos parâmetros inflamatórios. Posteriormente ao diagnóstico de salmonelose, identificou-se como provável fonte de contágio uma tartaruga doméstica.
Conclusão: Este caso realça a importância da coprocultura na identificação de Salmonella spp. como agente de infeção; uma vez que é um microorganismo com potencial de gravidade em crianças com menos de 5 anos, e com repercussões em Saúde Pública. Pela morbilidade associada, há que ponderar os riscos na escolha de um réptil como animal doméstico, uma vez que as crianças dificilmente cumprem a higienização eficaz das mãos.

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