DESEMPENHO DO DOSEAMENTO DE CORTISOL URINÁRIO: RADIOIMUNOENSAIO VS QUIMIOLUMINESCÊNCIA

Evento: XII Congresso Nacional de Patologia Clínica

Poster Número: 023

Autores e Afiliações:

Sofia Gomes, Ana Raquel Antunes, Helena Santos, Ana Isabel Andrade, Susana Prazeres

Serviço de Patologia Clínica – IPOLFG 

Introdução: O cortisol é a principal hormona glucocorticoide produzida e secretada pelo córtex da glândula suprarrenal, sendo a sua síntese estimulada, maioritariamente, pelo aumento dos níveis da hormona adrenocorticotrófica (ACTH). A sua pertinência clínica remete para o diagnóstico de doenças, tais como a Doença de Addison, a Síndrome de Cushing, a hiperplasia congénita da suprarrenal e o carcinoma da suprarrenal. A secreção do cortisol é variável ao longo do dia, pelo que o seu doseamento em amostras de urina de 24 horas é preferencial ao doseamento sérico. Além disso, o cortisol urinário não é afetado pelas alterações metabólicas hepáticas, e dessa forma reflete melhor a concentração endógena existente. Os imunoensaios usados no doseamento do cortisol urinário estão sujeitos a interferência pelos seus metabolitos, estruturalmente semelhantes. Para ultrapassar este problema, recorre-se à extração prévia do cortisol de uma amostra de urina com diclorometano. A separação do cortisol dos interferentes, através da sua menor solubilidade em água comparativamente aos seus metabolitos, aumenta a especificidade do ensaio.
Objetivo e Metodologia: Comparar o desempenho de dois métodos: Radioimunoensaio (RIA; Cort-C2, Cisbio) e Quimioluminiscência (QL; Advia Centaur CP, Siemens) na determinação da concentração de cortisol em amostras de urina de 24 horas, com vista à implementação do método automatizado de QL. Foram analisadas 50 amostras de urina de 24 horas, previamente doseadas por RIA após extração com diclorometano (protocolo do nosso Laboratório), com concentrações de cortisol entre 11,9 e 1814 μg/24 horas. No equipamento Siemens Advia Centaur CP, utilizou-se o protocolo de extração estabelecido pela Siemens, antes do doseamento do Cortisol. A análise estatística foi efetuada recorrendo ao Software Microsoft Excel, tendo sido determinada a correlação de Pearson.
Resultados: A concentração média de cortisol urinário foi de 242,0 ug/24h pelo método de RIA e de 367,4 ug/24h pelo método de QL. A regressão linear foi utilizada para testar a associação entre os doseamentos de cortisol urinário em ambos os métodos, tendo apresentado excelente correlação entre os resultados: cort QL=1.520xcort RIA-0.555 (r=0.975) Os resultados obtidos pelo método de QL são aproximadamente 1,5 vezes superiores aos obtidos pelo método de RIA. Contudo, todas as amostras foram classificadas do mesmo modo: amostras dentro do Intervalo de Referência (IR) do método RIA permaneceram dentro do IR do novo método, assim como as amostras superiores ao IR.
Conclusão: O doseamento de cortisol urinário por QL no equipamento Siemens Advia Centaur CP mostrou ser uma alternativa fiável e eficaz ao método de RIA, tendo-se verificado uma excelente correlação entre os doseamentos. Por conseguinte, foi implementada a mudança de método do doseamento de cortisol urinário de RIA para QL, no nosso Laboratório.

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