DETEÇÃO DE INFEÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS DE ETIOLOGIA BACTERIANA NA CONSULTA DE PROFILAXIA PRÉ-EXPOSIÇÃO AO VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA: 5 ANOS DE EXPERIÊNCIA DE UM CENTRO HOSPITALAR UNIVERSITÁRIO

Evento: XII Congresso Nacional de Patologia Clínica

Poster Número: 073

Autores e Afiliações:

Catarina Alves de Oliveira(1), Luís Marques da Silva(2) Josefina Mendez(3), Hugo Cruz(2)

1 – Serviço de Patologia Clínica – CHPV/VC, 2 – Serviço de Microbiologia – CHUP, 3 – Serviço de Serviço de Doenças Infeciosas – CHUP

Introdução: A infeção pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH) permanece um problema de saúde pública a nível global, razão pela qual têm sido desenvolvidas múltiplas estratégias de prevenção da transmissão e de promoção do diagnóstico precoce, nomeadamente a consulta de profilaxia pré-exposição (PrEP) ao VIH.
Objetivos e metodologia: O presente trabalho tem como objetivo avaliar a taxa de deteção das principais infeções sexualmente transmissíveis (IST) de etiologia bacteriana abrangidas no protocolo de rastreio dos indivíduos seguidos na consulta de PrEP ao VIH. Estudo observacional retrospetivo durante o período de 5 anos (2018 a 2022), num centro hospitalar universitário, incluindo as IST de etiologia bacteriana detetadas laboratorialmente por técnicas de amplificação de ácidos nucleicos, designadamente Neisseria gonorrhoeae (N. gonorrhoeae), Chlamydia trachomatis (C. trachomatis) e Mycoplasma genitalium (M. genitalium), em três tipos de amostras biológicas distintas (exsudado orofaríngeo, urogenital e anal).
Resultados: No total foram analisados 6183 episódios de consulta correspondentes a uma população de 1157 utentes, com idade média de 33 anos, sendo que 89,63% (n=1037/1157) eram homens e 10,37% (n=120/1157) mulheres. A taxa de deteção de N. gonorrhoeae foi de 5,10% (n=312/6119), sendo que 16,67% (n=52/312) dos resultados positivos foram provenientes de exsudado orofaríngeo, 21,47% (n=67/312) de exsudado urogenital e 61,86% (n=193/312) de exsudado anal. Paralelamente, o estudo da suscetibilidade aos antimicrobianos das estirpes de N. gonorrhoeae recuperadas através do exame cultural revelou uma taxa de resistência à penicilina G de 15,00% (n=6/40), à cefotaxima de 0,00% (n=0/40), à ciprofloxacina de 48,72% (n=19/39) e à azitromicina de 61,29% (n=19/31). A taxa de deteção de C. trachomatis foi de 5,98% (n=370/6183), sendo que 11,08% (n=41/370) dos resultados positivos foram provenientes de exsudado orofaríngeo, 32,16% (n=119/370) de exsudado urogenital e 56,76% (n=210/370) de exsudado anal. Durante o período estudado, a taxa de co-deteção de N. gonorrhoeae e C. trachomatis foi de 1,23% (n=75/6119). Por fim, a taxa de deteção de M. genitalium foi de 3,86% (n=230/5957), sendo que 4,78% (n=11/230) dos resultados positivos foram provenientes de exsudado orofaríngeo, 33,91% (n=78/230) de exsudado urogenital e 61,30% (n=141/230) de exsudado anal.
Conclusões: A incidência de IST nos indivíduos seguidos na consulta de PrEP ao VIH foi bastante considerável, salientando-se particularmente a deteção de C. trachomatis no exsudado anal. Na medida em que N. gonorrhoeae é extremamente sensível às condições de conservação e de transporte e que se trata de um microrganismo fastidioso, a taxa de recuperação através do exame cultural foi reduzida. Ainda assim, constatou-se um perfil de suscetibilidade totalmente favorável à cefotaxima, pelo que se pode manter a utilização das cefalosporinas de terceira geração como terapêutica antimicrobiana de primeira linha na população do nosso centro hospitalar universitário.

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