O FISH É MESMO FIXE - DA CLÍNICA AO DIAGNÓSTICO LABORATORIAL PELA HIBRIDIZAÇÃO IN SITU POR FLUORESCÊNCIA
Evento: XII Congresso Nacional de Patologia Clínica
Poster Número: 022
Autores e Afiliações:
Camila Saraiva, Daniel Nunes, Marta Manaças, Cristina Duarte
Serviço de Patologia Clínica – CHULN
Introdução: A Leucemia Mielomonocítica Aguda (LMMA) está frequentemente associada com a inversão do cromossoma 16, inv(16)(p13;q22), ou a variante t(16;16)(p13;q22). Estes resultam da fusão de dois genes, CBFB e MYH11, que origina um bloqueio na diferenciação mielóide. Múltiplos estudos mostram que a presença destas alterações genéticas é um fator de prognóstico favorável e está associada a um baixo risco. Assim como em outras leucemias agudas, a existência destes rearranjos genéticos permite uma terapêutica mais dirigida.
Caso Clínico: Doente do sexo masculino, 45 anos, recorre ao SU do Hospital de Santa Maria por apresentar trombocitopénia e blastos em sangue periférico em análises de rotina realizadas em ambulatório por um quadro de sinusite. Ao exame objetivo, apresentava sinais de discrasia hemorrágica com petéquias dispersas, bolhas hemorrágicas na mucosa oral, sangramento gengival e hematoma na região gemelar direita. Do estudo analítico realizado destacava-se anemia (Hb 10,1 g/dL); trombocitopenia (26 x109/L); leucocitose (62,7 x109/L); no esfregaço de sangue periférico, 87% de células com relação núcleo/citoplasma elevado, raras com núcleo bilobado, com nucléolo, raras com granulações e sem bastonetes de Auer visíveis, fortemente positivas para Sudão Negro B; hiperfibrinogenemia (623 mg/dL) e elevação de D-dímeros (2,54 μg/mL). Foi internado na enfermaria do serviço de Hematologia Clínica com o diagnóstico de Leucemia Aguda em caracterização. Dada a elevada suspeita de Leucemia Promielocítica Aguda (LPA), por apresentar, no esfregaço de sangue periférico, células com morfologia compatível com promielócitos atípicos, foi iniciada terapêutica com ácido transretinóico (ATRA). A pesquisa do gene de fusão PML-RARɑ por FISH foi negativa, o que levou a descartar a hipótese de LPA e à suspensão da terapêutica instituída. O Mielograma revelou infiltração por 72% de células blásticas com características monocitóides e 12% de eosinófilos em todos os estádios maturativos, o que levou à suspeita de LMMA. Esta hipótese de diagnóstico foi confirmada com a pesquisa do gene de fusão CBFB:MYH11.
Conclusão: Para além da valorização da integração entre a prática clínica e a atividade laboratorial, este caso realça a importância da investigação citogenética por FISH no diagnóstico, terapêutica e prognóstico do doente.