OBSERVAÇÃO DE LINFÓCITOS REATIVOS EM ESFREGAÇO DE SANGUE PERIFÉRICO – IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Evento: XII Congresso Nacional de Patologia Clínica

Poster Número: 060

Autores e Afiliações:

Liliana Patrícia Monteiro Pereira, Samuel Rodrigues, Maria João Fermisson, Bela Nogueira, Rita Pinto

Serviço de Patologia Clínica – CHBM 

Introdução: Os linfócitos reativos, ou ativados, são células linfoides atípicas de maiores dimensões, com tamanho e morfologia variáveis e citoplasma abundante com coloração variável. A observação destes linfócitos em esfregaço de sangue periférico (ESP) implica a cuidada observação microscópica das suas características morfológicas e correlação com a clínica e outros resultados laboratoriais, para fazer um correto diagnóstico diferencial. São frequentemente observados em infeções virais e classicamente associados à mononucleose infeciosa (MNI), uma síndrome aguda causada pela infeção primária pelo vírus Epstein-Barr (EBV), predominantemente em crianças e adultos jovens. Apresentamos um caso de um jovem com clínica e alterações do hemograma compatíveis com MNI, cujo diagnóstico acabou por se revelar diferente.
Caso Clínico: Doente do sexo masculino, 24 anos de idade, previamente saudável, recorre ao serviço de urgência (SU) com manutenção dos sintomas de amigdalite bacteriana diagnosticada e tratada com amoxicilina + ácido clavulânico na semana anterior. Na altura não apresentava alterações do hemograma. No regresso ao SU mantinha mal-estar geral, odinofagia, febre e anorexia. Na reavaliação analítica, o hemograma apresentava neutropenia (1.23 x109/L) e trombocitopenia (127 x109/L) ligeiras. O ESP revelou a presença de linfócitos reativos. A restante avaliação analítica não mostrou alterações significativas dos parâmetros bioquímicos. A pesquisa de anticorpos heterófilos (monoteste) foi negativa. Perante a apresentação clínica, alterações do hemograma compatíveis com infeção viral, monoteste negativo e ausência de citólise hepática, acrescentou-se ao boletim de análises a serologia infeciosa HIV I/II, que se revelou positiva. Após confirmação dos resultados, estabeleceu-se o diagnosticado de primoinfeção pelo VIH e o doente foi encaminhado com urgência para a consulta externa de infeciologia. O estudo analítico realizado em ambulatório confirmou infeção por VIH I, com carga vírica >10000000 cópias/mL, contagem de células T CD4+ 187/uL.
Discussão e Conclusão: Na presença de linfócitos reativos e suspeita de infeção viral, deve ser feito o diagnóstico diferencial de infeção pelos vírus EBV, CMV, HCV, HBV e HIV. No contexto de urgência não é normalmente possível fazer o estudo serológico de todas estas etiologias, no entanto, uma avaliação cuidada de todos os dados clínicos e laboratoriais e uma utilização criteriosa das serologias infeciosas disponíveis no laboratório de urgência, permitiram o diagnóstico precoce de infeção por VIH, contribuindo para a instituição rápida de terapêutica antirretrovírica e diminuição de novas infeções.

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