PARASITOSES GASTROINTESTINAIS NUMA POPULAÇÃO PEDIÁTRICA - 5 ANOS DE ESTUDO RETROSPETIVO
Evento: XII Congresso Nacional de Patologia Clínica
Poster Número: 076
Autores e Afiliações:
Sofia Sbai, Bruno Miguel, Rita Ribeiro, Luís Nogueira Martins, M. Favela Menezes, Maria José Sousa
Centro de Medicina Laboratorial Germano de Sousa
Introdução: As parasitoses intestinais (PI) constituem um importante problema de saúde pública à escala mundial na população pediátrica, com maior prevalência nos países subdesenvolvidos com condições higiénico-sanitárias precárias. Os estudos epidemiológicos das PI em Portugal são escassos, no entanto, nas últimas décadas temos assistido a uma redução gradual na sua prevalência. A maioria das infeções parasitárias intestinais em idade pediátrica evoluem de forma assintomática ou com sintomas gastro-intestinais inespecíficos. Contudo, os casos clínicos graves podem cursar com alterações estato-ponderais e alterações de desenvolvimento cognitivo com potenciais repercussões na idade jovem, pelo que o seu diagnóstico é fundamental. O elevado número de viajantes para destinos tropicais bem como a elevada taxa de imigração de países subdesenvolvidos para constituem um fator predisponente para PI, reforçando a importância do seu estudo.
Objectivo: Estudo retrospetivo da prevalência das PI na população pediátrica, nos últimos 5 anos, num laboratório de microbiologia.
Métodos: No período de janeiro 2017 a dezembro de 2022 foram realizados, 12391 exames parasitológicos das fezes, na população pediátrica (até aos 18 anos de idade). Os dados recolhidos incluem doentes de origem hospitalar e de ambulatório. O diagnóstico laboratorial das PI em estudo envolveu a execução de diferentes técnicas laboratoriais de exame em amostras fecais (método de concentração das fezes de Bailenger, teste imunocromatográfico para pesquisa de antigénio de Giardia intestinalis e teste de fita adesiva perianal). Para as avaliações estatísticas, o laboratório utiliza o Teste-t com 95% de Intervalo de Confiança e estatísticas descritivas executadas no software Minitab e Excel para o Microsoft 365. Resultados: No período de janeiro 2017 a dezembro de 2022 foram realizados 12391 estudos de pesquisa de ovos, quistos e parasitas nas fezes, numa população pediátrica tendo sido identificados 2,40% com uma média de idades de 7,23 anos. Foi analisada a prevalência de parasitoses intestinais em período pré-COVID-19 e pós-COVID-19. Sendo que no período de 2017-2019 foram identificadas 2,35% de parasitoses intestinais, e no período de 2020-2022 foram identificadas 2,46% (p-value 0,257, pelo que não podemos afirmar a existência de significância estatística). Principais PI na população pediátrica estudada: Protozoários não patogénicos – Entamoeba coli (43,96%); Protozoários patogénicos – Giardia intestinalis (36,91%); Helmintas – Enterobius vermicularis (10,74%).
Conclusões : A percentagem de PI obtida está de acordo com os estudos realizados nas últimas décadas em Portugal, que apontam para uma prevalência inferior a 6%, devendo-se principalmente a Giardia intestinalis e Enterobius vermicularis (oxiúros)3. A Entamoeba coli foi o principal parasita intestinal encontrado. Apesar de não ser patogénico é considerado um indicador de más condições higiénicas tornando as crianças mais vulneráveis a infestações por parasitas patogénicos. A prevalência das PI em Portugal atingiu valores bastante baixos devido à grande melhoria das condições higieno- sanitárias e instituição de medidas desparasitação.
