PESQUISA DE DROGAS DE ABUSO EM IDADE PEDIÁTRICA: ESTUDO RETROSPETIVO

Evento: XII Congresso Nacional de Patologia Clínica

Poster Número: 070

Autores e Afiliações:

Gonçalo Torres, Ana Ferreira, Hermínia Marques, Marco Assunção, Paula Mota

Serviço de Patologia Clínica – Hospital Senhora da Oliveira, Guimarães

Introdução: O consumo de drogas de abuso em idade pediátrica é um problema crescente à escala global e por isso tem despertado cada vez mais a comunidade científica. Sabe-se que o uso frequente de drogas nesta faixa etária acarreta consequências negativas do ponto de vista orgânico, cognitivo, psíquico e social. A deteção, identificação e quantificação de drogas de abuso em amostras biológicas é fundamental para auxiliar o diagnóstico, tratamento e prognóstico de intoxicações. Neste contexto, o laboratório fornece uma informação rápida, qualitativa e/ou semiquantitativa, recorrendo a testes, tais como: (1) Nal Von Minden® Drug Screen Test, onde os parâmetros determinados por imunocromatografia são anfetamina; metanfetaminas; barbitúricos; benzodiazepinas; cocaína; canabinóides; metadona (2) Triage® MeterPro, BIOSITE (em ng/dL), os parâmetros determinados por imunoensaio de fluorescência competitivo: anfetamina; metanfetaminas; barbitúricos; benzodiazepinas e cocaína.
Objetivos e Metodologia: Análise dos resultados da pesquisa de drogas de abuso na urina em jovens menores de 18 anos admitidos no Serviço de Urgência Pediátrica durante um período de 5 anos (entre 1 de janeiro de 2017 e 31 de dezembro de 2021). Trata-se de um estudo retrospetivo e descritivo dos dados obtidos pelo sistema informático do laboratório (Clinidata® por Maxdata S.A.) e analisados em Excel.
Resultados: Foram realizadas 986 pesquisas de drogas de abuso na urina durante o período em análise. A idade média dos jovens testados foi de 12,2 anos. O número de testes foi semelhante quando feita a comparação por sexo (50,9% vs 49,1% masculino e feminino respetivamente). O número de pesquisas de drogas foi constante ao longo dos 5 anos avaliados apenas com uma ligeira quebra no período da pandemia Covid-19 (227 testes em 2017; 198 em 2018; 224 em 2019; 141 em 2020 e 196 em 2021). Das 986 pesquisas efetuadas, 163 (16.5%) tiveram como resultado a positividade de pelo menos uma droga. Entre os positivos a idade média diminuiu de 14,9 anos em 2017 para 11,6 anos em 2021 (idade média no período total analisado de 12,4). 31% dos positivos tinha menos de 13 anos (antes de atingirem adolescência). O número de positivos foi semelhante entre géneros (82 feminino e 81 masculino). As drogas de abuso mais detetadas nos casos analisados foram as benzodiazepinas (120 casos), os canabinoides (37 casos) e os antidepressivos tricíclicos (8 casos). Em 15 casos foram detetadas 2 ou mais drogas (9,2% dos positivos) sendo a associação mais comum a de benzodiazepinas e canabinóides, presente em dois terços destes casos (10 em 15). Este grupo de testados com mais do que uma droga detetada era constituído maioritariamente por rapazes (80%) entre os 12 e os 17 anos (média 14,7 anos).
Conclusões: As benzodiazepinas constituíram o grupo de drogas mais detetado neste estudo. O seu consumo está frequentemente associado a fins recreativos (em associação com o álcool) mas também a tentativas de suicídio por sobredosagem. Ao longo do período em análise verificou-se que a idade média dos casos com pesquisa de drogas positiva diminuiu consideravelmente. Dado estatístico que reforça a pertinência de solicitar este teste em todas as faixas etárias.

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