PREVALÊNCIA DO VÍRUS SINCICIAL RESPIRATÓRIO NOS TRÊS ANOS DE PANDEMIA PELO SARS-COV-2 (2020-2022)
Evento: XII Congresso Nacional de Patologia Clínica
Poster Número: 017
Autores e Afiliações:
Carolina Salteiro, Diogo Gregório, Luís Santos, Olga Costa, Rita Côrte-Real, Carlos Flores
Serviço de Patologia Clínica – CHULC
Introdução: O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) tem elevada prevalência na população e apesar de normalmente relacionado com infeções respiratórias em idade pediátrica é cada vez mais associado a elevadas morbilidade e mortalidade na população adulta. O VSR apresenta um largo espectro sintomatológico nos adultos, desde sintomas ligeiros até potencialmente fatais, sendo responsável pela exacerbação de doenças cardiopulmonares e associado a mau prognóstico em doentes a viver em instituições, com patologia pulmonar e/ou cardíaca, com mais de 65 anos ou imunocomprometidos.
Objetivos e Metodologia: O objetivo deste trabalho foi analisar a distribuição do VSR ao longo de três anos (2020-2022) e, secundariamente, correlacionar os resultados positivos com outras variáveis como a idade e o sexo. Foi feito um estudo retrospetivo, onde foi avaliada a doença respiratória, em 14697 doentes com resultado de teste RT-PCR (reverse transcription polymerase chain reaction) positivo para o VSR, em amostras do trato respiratório superior, obtidas no Centro Hospitalar, entre janeiro de 2020 e dezembro de 2022. Os doentes incluídos no estudo foram admitidos nas urgências polivalentes e nas enfermarias. Os respetivos dados demográficos, clínicos e laboratoriais obtiveram-se através do Sistema de Informação do Laboratório. A identificação laboratorial do VSR foi feita através de testes de RT-PCR em tempo real, em amostras de aspirado nasal e zaragatoas naso/orofaríngeas, usando dois reagentes, para deteção simultânea dos vírus Influenza, VSR e SARS-CoV-2.
Resultados: Verificou-se que em 2020 foram efetuados 3771 testes, 2529 em 2021 e em 2022 8397, num total de 14697. Ao longo dos 3 anos do estudo, a maioria dos testes realizados verificou-se nos grupos etários ≤ 5 anos e ≥ 65 anos, num total de 8763 testes, correspondente a 60% do total de testes realizados. Obtiveram-se 1132 resultados positivos (8% dos testes realizados), 709 foram detetados em doentes com idade ≤ 5 anos seguidos de 209 positivos com idade ≥ 65 anos, correspondendo a 81% dos testes positivos. Apesar de se ter verificado uma prevalência ligeiramente maior no sexo masculino (53%), não foi considerada significativa. Analisada a distribuição mensal dos pedidos e de casos positivos verificaram-se em 2020 158 (4,1%) casos positivos, até abril 99%, em 2021 358 (14,1%) resultados positivos, maioritariamente a partir de julho (95%) altura em que houve um surto na população pediátrica. No ano de 2022 verificou-se um aumento considerável do número de pedidos com resultados positivos ao longo dos doze meses, uma maior prevalência entre os meses de outubro e dezembro (81%).
Conclusão: Este estudo permitiu verificar que os anos de 2020 e 2021 foram atípicos no número de pedidos e na distribuição dos casos positivos devido às medidas implementadas durante a pandemia que diminuíram significativamente a transmissão de doenças respiratórias. De forma à consolidação dos resultados, torna-se urgente mais investigação sobre o real peso do VSR no prognóstico da doença respiratória na população adulta, visando medidas para minimizar este impacto. Concluiu-se que a vigilância epidemiológica do VSR deve ser feita regularmente, durante todo o ano, não esquecendo a população adulta, com particular atenção as pessoas com idade ≥ 65 anos.