RESISTÊNCIA AOS CARBAPENEMES
Evento: XII Congresso Nacional de Patologia Clínica
Poster Número: 042
Autores e Afiliações:
André Gonçalves Vieira, Pedro Barata.
Serviço de Patologia Clínica – CHUP
Introdução: Os carbapenemes são antibióticos tempo-dependentes que exercem o seu efeito terapêutico através da ligação às PBPs, inibindo a formação do peptidoglicano, impedindo a formação da parede celular bacteriana, perfil geral dos antibióticos beta-lactâmicos. Apresentam um amplo espectro de ação que inclui cocos gram-positivo, bacilos gram-negativo fermentadores e nãofermentadores, anaeróbios gram-positivo e gram-negativo. Por este espectro abrangente de ação e pela atividade potente em bactérias gram negativo, são considerados opções seguras como monoterapia para o tratamento de infecções polimicrobianas graves, ao nível hostpitalar. No que concerne a resistências, estes fármacos mantêm boa atividade contra bacilos gram-negativos produtores de beta-lactamases de espectro alargado (ESBLs) e contra produtores de beta-lactamases cromossomicas do tipo AmpC. Apesar de serem os fármacos com o maior espectro antimicrobiano conhecido, a emergência de resistência aos carbapenemes é um fenômeno global e que constitui, hoje, um grave problema de saúde pública, especialmente por acometer pacientes gravemente doentes, geralmente hospitalizados. Adicionalmente, as opções atuais para o tratamento de infeções por bacilos gram-negativo resistentes aos carbapenemes são limitadas e causam constrangimentos, com implicações graves no que diz respeito à mortalidade intra-hospitalar. A resistência aos carbapenemes pode ocorrer através de três mecanismos:
– redução da permeabilidade transmembrana (diminuição das porinas),
– bombas de efluxo
– produção de betalactamases
Objetivos e Metodologia: O presente trabalho permite uma revisão alargada dos mecanismos de resistência aos anti-microbianos, assim como um resumo do sistema de classificação de Ambler, metodologias de identificação laboratorial de estirpes produtoras de carbapenemases, alternativas terapêuticas e, por fim, retrospetivamente, uma estatística dos resultados do exame de rastreio de bactérias produtoras de carbapenemases, por zaragatoa retal, no nosso hospital, com respetiva análise, ao longo do ano de 2022. Utilizamos as técnicas padrão e a metodologia presentemente em vigor no laboratório de Microbiologia (meios cromogénicos e biologia molecular) A análise estatística foi efetuada recorrendo ao software R versão 4.2.2
Resultados: Foram efetuadas um total de 4085 pesquisas de carbapenemases, quer por meio cromogénico, quer por biologia molecular, durante o ano de 2022, verificando-se que 6,8% dos rastreios (n=279) eram positivos. Dos resultados obtidos por biologia molecular, onde é possível a identificação do fenótipo, constatamos que 88,5% (n=247) correspondiam a KPC, 3,9% (n=11) a NDM; 5,7% (n=16) a OXA48 e 6,1% (n=17) a VIM. Não e encontrou nenhum caso de IMP1. A idade mediana dos casos negativos foi de 69±21 enquanto a idade mediana dos casos positivos foi de 74±18,5. A análise da comparação da idade em função do resultado revela diferenças significativas (p<0,05) sendo que, tal como de acordo com a literatura, as resistências são mais incidentes na população mais idosa. No entanto não se verifica qualquer diferença em relação à incidência por sexo. A análise da evolução da incidência ao longo dos meses revela números relativamente estáveis com um pico no mesmo de Agosto (n=39) e o menor resultado a verificar-se no mês de Março (n=11).
Conclusões: A metodologia utilizada permite detetar as resistências, que se têm mantido estáveis, sendo, no entanto, necessária uma atenta monitorização futura por elevado risco de novos mecanismos de resistência.
