STREPTOCOCCUS DO GRUPO A – O PAPEL DA PATOLOGIA CLÍNICA NA RACIONALIZAÇÃO DA ANTIBIOTERAPIA E PREVENÇÃO DA DOENÇA INVASIVA

Evento: XII Congresso Nacional de Patologia Clínica

Poster Número: 015

Autores e Afiliações:

Margarida Freitas, Ana Ferreira, Sofia Novo, Paula Mota.

Serviço de Patologia Clínica – Hospital da Senhora da Oliveira, Guimarães

Introdução: A Amigdalite Aguda (AA) é um processo inflamatório agudo das amígdalas faríngeas. É uma das patologias mais comuns em idade pediátrica, podendo ser provocada por uma variedade de agentes microbianos. A maioria dos episódios, de natureza benigna e autolimitada, têm etiologia vírica. O agente bacteriano mais frequente, responsável por 37% dos casos de AA neste grupo etário, é o SGA (Streptococcus do Grupo A). O recente surto europeu de doença invasiva por SGA em crianças com menos de 10 anos, veio relembrar a importância do diagnóstico atempado das infeções por este agente. A Direção Geral da Saúde (DGS) recomenda a realização de exames microbiológicos para determinar a presença de SGA na orofaringe mediante exame cultural e/ou teste diagnóstico antigénico rápido (TDAR). Apesar do exame cultural ser o método de referência, o TDAR permite a disponibilização de resultados num curto período de tempo, sendo assim possível a confirmação ou exclusão de AA por SGA ainda em contexto de urgência.
Materiais e métodos: Estudo retrospetivo de resultados de TDAR (Strep A Rapid Test, Healgen® – sensibilidade 92,3%, especificidade 96,4%) de amostras pediátricas durante um período de 5 anos (desde 01.01.2018 a 18.12.2022) no Hospital da Senhora da Oliveira de Guimarães (HSOG). O tratamento de dados foi efetuado em Excel®.
Resultados: Neste período realizou-se um total de 5705 TDAR, dos quais 21,5% tiveram resultado positivo para SGA. A sua distribuição em função do escalão etário demonstrou maior incidência nos grupos pré-escolar – dos 3 aos 5 anos (40,0%) e escolar – dos 6 aos 15 anos (41,9%). O número de testes realizados aumentou progressivamente em cada ano, com exceção dos anos de 2020 e 2021 nos quais se verificou um decréscimo de 7% nos mesmos. Ainda neste período, a taxa de positividade do TDAR foi de 8,5% enquanto nos restantes anos foi, em média, de 27%.
Conclusão: Em linha com o verificado nos restantes países europeus, o aumento do número de infeções por SGA no HSOG em 2022 surge após um período de reduzida incidência durante a pandemia COVID-19. O rápido reconhecimento do SGA como agente etiológico da AA evita o uso desnecessário de antibioterapia e o desenvolvimento de doença invasiva e respetivas complicações. Nesse contexto, a DGS recomenda a realização de testes microbiológicos para confirmação de AA por SGA. Os TDAR utilizados na atualidade apresentam grande sensibilidade, especificidade e curto tempo de resposta, o que permite a disponibilização de informação relevante de forma célere aos clínicos.

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