CASO CLÍNICO: LMA com t(3;12)(q26;p13) e monossomia do cromossoma 7

Evento: SPPC 2021

Poster Número: 012

Autores e Afiliações:

Sílvia Freitas Arroja (1),  Patrícia da Cunha Rodrigues(2), Lurdes Torres(3), Joana Vieira(3), Susana Lisboa(3), Cecília Correia(3), Manuel R. Teixeira(3)

1 – Serviço de Patologia Clinica, Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, E.P.E.

2- Serviço de Patologia Clinica, Hospital de Braga, E.P.E.

3-Serviço de Genética, Instituto Português de Oncologia  do Porto, E.P.E.

Introdução

A leucemia mieloide aguda (LMA) é uma neoplasia maligna de células hematopoiéticas progenitoras que apresenta uma grande heterogeneidade clínica e morfológica cujo diagnóstico e classificação, de acordo com a última revisão da classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para os tumores do tecido hematopoético e linfoide, requer uma investigação fenotípica, citogenética e genética molecular. Um dos objetivos da pesquisa de alterações citogenéticas e moleculares é a estratificação dos pacientes com LMA em grupos de risco. Os pacientes com prognóstico favorável (10 a 15%) incluem aqueles com translocação t(15;17) e com translocações que envolvem o fator de transcrição CBF (core binding factor), incluindo-se, nesse grupo, os pacientes com t(8;21) e com inversão inv(16). O prognóstico reservado é caracterizado por cariótipos complexos (3 ou mais alterações) e alterações citogenéticas específicas, como deleção e monossomia dos cromossomas 5 e 7. A maioria dos pacientes apresentam prognóstico intermédio e cariótipo normal (aproximadamente metade deles) ou outras alterações citogenéticas que não se enquadram no grupo de bom ou mau prognóstico.

Caso clínico

Apresentamos um caso clínico de uma criança de 5 anos, do sexo feminino, sem antecedentes patológicos de relevo, que apresentou 2,7 g/dL de hemoglobina, leucocitose de 177,59 x109 /L e 25 x109 /L plaquetas. O esfregaço de medula óssea apresentou 67,47% de blastos de linhagem mielóide.

Métodos

Foi realizada a análise citogenética convencional após cultura celular, usando a técnica de bandeamento GTL, tendo sido analisadas pelo menos 20 metafases e os resultados foram reportados de acordo com o Internacional System for Human Cytogenomic Nomenclature (ISCN). Adicionalmente foi realizado estudo por hibridação fluorescente in situ (FISH), com sondas específicas para os genes MECOM e ETV6.

Resultados

O estudo por citogenética convencional detetou uma t(3;12)(q26.2;p13) e uma monossomia 7, tendo a t(3;12) sido confirmada por  FISH.

Discussão e conclusão

As alterações genéticas recorrentes com significado prognóstico mais comuns na LMA são: t(8;21)(q22;q22), inv(16)(p13.1q22)/t(16,16)(p13.1;q22), t(15;17)(q22;q12) e t(9;22)(p22;q23), tendo cada um destes rearranjos impacto na leucemogénese. A translocação t(3;12)(q26.2;p13), que resulta no rearranjo ETV6/MECOM, é um achado citogenético raro na  LMA e não está descrita na classificação da OMS, referindo a literatura disponível que este tipo de alteração confere a esta doença um mau prognóstico.

Para o diagnóstico, prognóstico e monitorização da LMA é importante a integração dos resultados das várias áreas de diagnóstico laboratorial, como a genética, a imunofenotipagem e o estudo morfológico.